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  • Marcelo Vieira Matias

Mudar ou aceitar?


É comum nos depararmos em frente a esse dilema: mudar ou aceitar. Por certo você já enfrentou alguma situação na sua vida que lhe trouxe dor sofrimento, ansiedade e que você deve ter pensado “ah, se as coisas fossem diferentes, eu não estaria me sentindo assim”.

Posso pensar em alguns exemplos: o término inesperado de um relacionamento com alguém que você gostava muito. A não aprovação no vestibular naquela universidade você tanto gostaria, ou o meu filho não ter sido aprovado; ou não ter sido selecionado naquela vaga de emprego. Ou um feedback não positivo de alguém importante sobre um projeto que você colocou muito esforço.


Em até exemplos mais extremos, como quando sou surpreendido com notícias o adoecimento ou falecimento de uma pessoa querida. Enfim, situações em que a solução alguma mudança.


“Será que em todas as situações mudar é a melhor alternativa?”


Nos exemplos que dei na abertura do texto, comento sobre mudar as situações e os eventos que chegam até nós. Mas às vezes buscamos mudanças mais internas.


Tenho dificuldade em falar em público e se conseguisse ser mais desenvolto teria resultados profissionais melhores. Me sinto muito ansioso e antes de uma prova ou entrevista de emprego, acabo por me atrapalhar todo e me dou mal. Ou ainda, não me acho atraente, fisicamente, ou com uma personalidade interessante o suficiente para me relacionar com outras pessoas.


Ou seja, estamos falando de uma condição humana imutável. Viver pode ser difícil, sofrido e muito desafiador. Ou melhor: viver é difícil, é sofrido e muito desafiador.


E a nossa vida é uma tensão contínua entre aspectos de nossa existência que não podemos mudar, ou seja, a faticidade que precisamos confrontar, daqueles outros aspectos que podemos sim mudar.


Quero colocar nossa atenção nessa capacidade humana que muitas vezes é entendida como fraqueza, ou permissividade, e que é frequentemente negligenciada: ACEITAÇÃO!


Aceitação não é o mesmo que resignação ou passividade. Podemos continuar avançando, crescendo e evoluindo em nossa vida, apesar de aceitarmos que existem coisas que estão além do nosso controle.


E ao aceitar eu abraço a situação como ela é e reconheço que faz parte da vida tolerar o desconforto.


Eu não posso mudar a minha origem, minha data de nascimento, o país em que nasci e a cultura em que fui criado. Não posso mudar o fato de que o dia tem 24 horas e o tempo passa. E também não posso mudar que a vida que a gente conhece tem um fim e esse fim vem com a morte.

Por isso, aceitar é um caminho que provoca diversos benefícios:

· Uma atitude mais positiva

· Menos preocupação e estresse

· Menos energia drenada ao tentar mudar as coisas que não dependem de mim

· Capacidade de abraçar a mudança que vem de fora

· Maior apreço e gratidão pela vida

· Uma perspectiva mais compassiva consigo mesmo, com os outros e como o mundo



Isso pode parecer bom, mas como a gente faz para saber quando aceitar a dor, o desconforto e quando usá-lo para mudar?


Muito embora não haja uma resposta única, uma maneira de abordar essa questão é perguntando a si mesmo: a minha reação (autopercepção, ação, emoção) é proporcional à situação?


Se sua resposta for sim, aceite sua situação.


Se sua resposta for não, então ofereça compaixão por sua luta, mas desafie-se a considerar diferentes respostas.


Vamos considerar um exemplo:

Imagine que você, ou alguém de quem você depende, perdeu o emprego. Emprego que além de trazer segurança financeira, trazia satisfação pessoal.


Após nos depararmos com essa perda, é comum, e até esperado, que passemos por um momento de tristeza, recolhimento e reflexão. E questionemos se conseguiremos um novo emprego, o que eu fiz para merecer esse destino e o que poderia ter feito para ser diferente. Pode até ser que encontre algumas justificativas um pouco descabidas (como culpar um colega pela demissão). Mas o fato é, fui mandado embora.


A experiência da perda, como nesse exemplo, é uma experiência que funciona melhor quando aprendemos a aceitar e a nos envolver com ela. Deixar as memórias e emoções difíceis tomarem conta de você, até mesmos nos derrubando às vezes pode nos permitir passar pela experiência de uma maneira autêntica e culminará com aceitação da perda e com possível paz em seu interior.


Aceitar o fato não quer dizer que não devemos e não podemos aprender com ele. Posso sim fazer uma crítica, refletir quais novos recursos essa situação está me oferecendo e como posso utilizar dessa experiência para responder de maneiras atualizadas no futuro.


Mas como eu posso fazer isso?


1)Aprenda com o passado e não seja um escravo dele->De significado a suas experiências.


2) Coloque novos objetivos e metas para si a partir de situações mais dolorosas. Eles nos ajudam a colocar significado em nossa existência.


3)Tenha cada vez mais consciência dos seus recursos atuais (internos e externos).

Sendo assim, quais aspectos da sua vida podem ser mais aceitos do que negados? Que eventos do seu passado podem ser olhados com mais acolhimento? Existem características suas, ou condições na sua vida que podem ter mais aceitação de sua parte?


Reconhecer o que podemos mudar ou devemos aceitar é sim uma tarefa difícil.

Por isso, sou muito fã daquela famosa oração da serenidade. Que possamos ter a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.

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